terça-feira, 20 de agosto de 2019

Quem paga a conta



O pacto federativo que vivemos e a verdadeira festa de doido, um faz a festa e o convidado e que paga a conta. No Brasil vivemos uma situação no mínimo ridícula, pois, o chamado pacto federativo na divisão do bolo fiscal o convidado, ou seja, os municípios e que arcam com a conta apesar dos impostos serem gerados em sua área administrativa.
O que pouca gente sabe e que apesar dos dividendos dos impostos serem gerados no município, o governo federal e que fica com a maior fatia deste delicioso bolo mas não assume a maioria das responsabilidades com a população para as administrações municipais.
Na forma de conta gotas ao longo dos anos a União tem transferido a responsabilidade dos atendimentos básicos em saúde, educação, segurança e infraestrutura para os municípios sem a devida contrapartida financeira. E de arrepiar ver a procissão de prefeitos e secretários municipais a Brasília com o chapéu na mão implorando por recursos para atender suas populações locais. Hoje o atendimento básico em saúde e de responsabilidade dos municípios sendo que esses valores, em sua maioria, recaem sobre o orçamento local, sendo assim também com a educação o que deixa muitas vezes os gestores em apuros, pois pouco ou nada sobra para investimentos, porque esses recursos “repassados” pela União mal dão para cobrir os gastos com o básico que é a folha de pagamento.
O pacto federativo estabelecido na Constituição de 1988 foi, em muito, baseado no princípio da descentralização político-administrativa. No contexto de redemocratização do país, os constituintes rejeitaram a centralização que vigorou no regime militar e deram especial destaque ao papel dos municípios. Para que os governos locais pudessem oferecer saúde, educação e outras ações sociais, além de fazer investimentos de urbanização considerando a realidade específica da população, foram concedidas competências tributárias e aumentadas as transferências do governo federal para os níveis subnacionais, porém, o cenário fiscal foi marcado pela reconcentração de receitas no âmbito federal, seja pela criação de tributos na forma de contribuições que não são compartilhadas, seja por políticas de renúncia fiscal sobre os impostos compartilhados, ou seja, o Governo Federal faz a festa e os municípios pagam as contas. Várias isenções e reduções de carga tributária foram concedidas pelo governo central sobre os impostos compartilhados o que gerou uma diminuição dos valores repassados aos municípios, sendo assim como dissemos no inicio, uma festa de doido, onde um faz a festa e o convidado paga a conta.
A reforma da previdência é de suma importância para a saúde fiscal do País, mas também deveria ser urgente a reforma tributária, a reforma política e principalmente a revisão do pacto federativo. Concordo que o melhor gestor para solucionar e atender o cidadão é a administração municipal, mas não é justo que apesar de ser o responsável pela geração dos valores recolhidos seja o menos beneficiado. O governo federal é um imenso dragão faminto por recursos e que não se importa em devorar suas crias (municípios) para sobreviver.
Pense nisso.... de que adianta o município se esforçar para se desenvolver se tudo o que produz volta em forma de migalhas.
Proibir um grande povo, porém, de fazer tudo o que pode com cada parte de sua produção ou de empregar seu capital e indústria do modo que julgar mais vantajoso para si mesmo é uma violação manifesta dos mais sagrados direitos da humanidade.“ Adam Smith.



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